terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Monastério

O sol iluminava já baixo no horizonte quando, após uma curva na estrada, o topo dos andaimes se tornou visível. Logo apareceu a paliçada, as barracas logo em seguida, e os sons do fim de um árduo dia de trabalho preenchiam o ar. Os sons de música e bebida que tanto alegram Orlov e Lorian, e o cheiro de assado que tentava a comitiva cansada. Há três dias, desde a emboscada, que não tem uma noite de sono em que não temam não acordar.

São recebidos com alegria, novos rostos para dividir histórias nesse lugar longínquo. Os novos materiais e ferramentas chegam em boa hora, pois finalmente poderão começar a construir os locais sagrados que serão o coração do monastério. A Forja Sagrada, o templo dos Deuses e da Luz, as fundações da muralha abençoada e os feitiços da câmara de água, tudo possível apenas com os materiais vindos da capital. Com sua jornada terminada o trio para observar o que pode se tornar seu novo lar.

Tendas se espalham pelos arredores do campo, dividindo de maneira ordeira os trabalhadores, materiais, suprimentos e animais, estes em um estábulo improvisado mas bem feito. A preparação para uma muralha ampla e larga pode ser vista, mas no momento apenas o princípio de um monte de terra batida se via. No interior do que um dia será uma grande muralha se ergue a paliçada que protege o acampamento, cinco metros de madeira sólida com passarelas em toda sua extensão, fortes o bastante para impedir os bandidos mais determinados, com a guarda da ordem em seu topo. A enfermaria, um prédio amplo e arejado, preparado para tempos de guerra e já concluído, possuía poucos feridos e apenas uma clériga de meia idade de Raam, deus da cura da região.

Naquilo que já está construído do forte principal encontram Sir Fendral, comandante do acampamento e major da Lança de Prata. Meio-elfo, alto, musculoso e de cicatrizes apagadas que mostram muitas batalhas, usa roupas simples para o trabalho braçal, dizendo que o trabalho enaltece o homem. Sua feição serena se torna seria ao ouvir o relato da batalha. Congratula o trio por sua performance em combate, mas se preocupa com os possíveis resultados da ação. Diz para que descansem, e que no dia seguinte irão discutir o futuro do acampamento e da fortaleza sendo construída.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ponta Sul


O mundo é cheio de mitos. E um deles diz que nereidas antropofágicas habitam as margens mais escuras do Braço de Deus. Homem algum navega tranqüilo à noite quando o rio corre manso e o vento não tem força para soprar as velas. Alguns marinheiros aposentados juram terem visto belas mulheres de pele alva espiando das águas lodosas que margeiam os bosques mais a leste.


O navio do capitão Correrrios passava exatamente por estes bosques na primeira lua crescente do outono. Há dias a escolta do barão havia os deixado. Haviam escolhido seguir próximos a margem sul, para o caso de serem perseguidos por navios de Yulla mas agora a cautela pedia seu preço. Para não permanecer naquelas margens assombradas, navegavam a noite. O quase silêncio era abrasador. Cada estalo no casco do navio deixava todos atentos. Apenas Orlov dormia um sono tranqüilo e sonoro.

A jornada pelo Braço de Deus termina sem maiores incidentes, com a chegada no Olho Negro, o grande lago que marca o leste longínquo. Suas águas turvas e cheias de vida abrigam as rotas de comércio que permitem às terras a suas margens prosperarem, e seus peixes alimentam incontáveis bocas. Os elfos mais velhos, que viveram em tempos de glória contam que um dia suas águas foram tão cristalinas que ele era chamado de O Grande Espelho, mas são apenas lembranças e se foram com a grande destruição, há 600 anos.


Ponta Sul, a jóia deste lado do grande lago destacava-se logo adiante. Seus prédios baixos e brancos subiam a colina logo atrás do imenso porto, porto este que abriga dezenas de navios mercantes vindos de toda parte. Parada obrigatória para quem vem do Braço de Deus Ponta Sul conta com um comércio ativo para todo o tipo de comprador em pequena ou grande escala: matéria prima, bens manufaturados, objetos de arte, raridades gastronômica, bom vinho, enfim, quase tudo o que se pode comprar. No porto, são recebidos por uma pequena comitiva alfandegária que angaria pedágio para “manutenção” do porto.


Na noite que se segue, Orlov, Lorian e alguns marinheiros se divertem em uma taverna conhecida bebendo e se divertindo como lordes. Thassarian passa a noite no barco meditando sobre a viagem que terá até o acampamento/canteiro de obras da Ordem da Lança de Prata no sopé da Cordilheira da Pedra Cinzenta. Mas esse estado meditativo não impediu Orlov de tentar sem sucesso arrasta-lo para taverna onde, segundo este, havia escrito o nome de Lorian nos seios de uma meretriz que o aguardava ansioso.


Pela manhã Thassarian já aguardava os ressaqueados companheiros com as carroças carregadas e os homens prontos. A estrada os aguardava. Por 3 dias seguiram por entre uma estrada relativamente segura rodeada de fazendas pequenas, cujo povo que ali viva era pobre, mas ainda não esquecido pelo grande porto.


No princípio do quarto dia o abandono daquelas terras pelos senhores de Ponta Sul começava a transparecer enquanto as cordilheiras se avolumavam adiante. Fazendas queimadas, gado morto e mendigos na mais absoluta miséria pontuam o caminho, raros a princípio mas se tornando mais comuns com o passar dos dias, até se tornarem a regra ao invés da exceção. Sinais óbvios de depredação e violência também podem ser percebidos tanto nas propriedades quanto nos olhos amedrontados das pessoas. Questionada, uma senhora enrugada conta que ladrões agora assolam estas terras esquecidas pelos homens e deuses.


No sétimo dia, apesar de todo trabalho de batedor realizado por Thassarian, uma emboscada surpreende a comitiva e um combate violento se inicia. Divididos do resto de seus homens, Lorian, Orlov e Thassarian se vêem encurralados por um número muito superior de ladrões, obviamente desertores das guerras ao sul. Mesmo em desvantagem numérica conseguem através de perseverança e muita sorte superar o desafio, embora tenham terminado quase às portas da morte.


Os corpos dos agressores foram decaptados e deixados como exemplo para outros ladrões. A flâmula da Ordem da Lança de Prata foi deixada cravada em uma lança como assinatura do feito. Apenas Braam, o astuto foi levado como prisioneiro.


Não haveria mais nada entre a comitiva e o acampamento da Ordem da Lança de Prata.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Carta de Thassarian

Ano de 157 do renascimento.

Excelentíssimo Lorde Valkan Punhoférreo, Major da Lança de Prata;

Como é de seu conhecimento fui enviado até a região do Largo de Barak a leste com a missão de escoltar 30 homens (sendo 6 entre eles membros da Lança de Prata) projetos e material de construção civil para adiantar a construção do posto avançado de nossa Ordem.

Para tanto fui enviado no primeiro dia da última lua nova aproveitando a boa fluência do nosso belo rio Braço de Deus. Estava a bordo de uma boa fragata em companhia de homens corajosos e experientes. Entre eles, se destacarão neste relato um monge chamado Lorian e um mercenário vindo das terras do sul chamado Orlov (que se mostrou conhecedor das artes arcanas de combate), este último estava a trabalho para o capitão e conseqüentemente para a Ordem.

A viagem deveria durar cerca de 30 dias, mas um impasse se colocou entre mim e meu objetivo. Assim que aportamos em Poçofundo, deparamo-nos com a notícia de que um bloqueio militar acontecia rio abaixo. Deixei o navio sob custódia dos nossos levando apenas Lorian e Orlov que me pareceram ser mais confiáveis. (Lorian, aliás, é meu primo sanguíneo). Usando da autoridade da Ordem consegui audiência com a autoridade local, Sir Harold que nos foi bastante prestativo sobre o que acontecia. Na realidade todo aquele impasse acontecia em função do desentendimento entre os lordes que controlam aquele trecho do rio.

Junto com Lorian e Orlov entendi que a melhor forma de lidar com o assunto era resolvê-lo. O reino não precisa de mais guerras internas entre seus nobres e isso, imagino, só enfraquece o todo. Partimos os três imediatamente para o feudo mais próximo, após seguir por quatro dias chegamos aos domínios de Yulla, um pequeno forte consistente que mais parecia um acampamento bélico. Apresentei-me como representante da Ordem, mas mesmo assim Yulla enviou seu general para nos receber. Argumentei (e também meus companheiros) da importância de evitar a guerra e se aliar a outro lorde para evitá-la, mas o general se mostrou irredutível, por motivos que eu deduzi torpes orgulhosos e egoístas. Parti então, um tanto quanto preocupado para o encontro do próximo lorde.

Barão Stanislau se mostrou desde o princípio muito mais receptivo as idéias propostas por nós. Apesar de ser o dono do maior aparato de guerra e de ter ele mesmo iniciado o conflito, ele não desejava a guerra. Ele apenas se viu no direito de controlar o rio em função de ter custos maiores na defesa do mesmo com treinamento adequado de tropas e construção de navios de ocupação e patrulha. Além do que me pareceu um homem justo e honrado.

Depois esta reunião ficou acordado que em troca de uma escolta e passagem livre do navio da Ordem através do bloqueio ele teria o apoio político da Lança de Prata em sua empreitada. Para tanto o Barão ofereceu subsídios para que se fundasse uma sede da Ordem em suas terras. Penso eu ser uma ótima oportunidade para ter um entreposto no Largo de Barak.

Deixo para Vossa excelência a decisão e a validação do que eu disse.

Um outro assunto do qual eu gostaria de tratar é o da invasão de Poçofundo.

Retornamos para Poçofundo com o objetivo de retomar viagem junto com a escolta do Barão Stanislau de 40 valorosos homens e uma nau. Mas para nossa surpresa a cidade estava sitiada. Descobrimos que havia sido tomada por 150 homens de Yulla que reclamava a terra para si. Nossos homens e todos aqueles que não eram da cidade eram prisioneiros e o forte de Sir Harold estava sitiado. Senhor, naquele momento duvidei por um instante que poderia cumprir a missão a mim dada, mas homens valorosos a meu lado unidos ao povo corajoso e a soldados bravos da milícia garantiram que subjugássemos os homens de Yulla. Com destaque para o Sargento Cristovão que se “converteu” para nossa causa após se deparar 3x com a morte em nome da honra e foi peça crucial na nossa vitória. Para esse peço asilo militar.

Agradeço desde já a atenção e aguardo retorno. Que a luz esteja com você.

Thassarian, tenente da Lança de Prata.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A Jornada - O Começo

Uma jornada pelas plácidas águas do Braço de Deus, o grandioso rio que cruza o norte do Grande Reino do Sul de oeste a leste, se transforma quando o trio de aventureiros é envolvido em um conflito entre três senhores locais, pelo controle do rio. Yulla, Satnislau e X'abor, os três senhores, haviam rompido seu tratado de divisão dos impostos provindos da proteção do rio, e estavam em conflito aberto.

Após fundear o navio de sua jornada na vila de Possofundo, viajam para leste, após decidir que a maneira mais rápida de poderem prosseguir era resolver o impasse. O monastério da ordem da Lança de Prata no leste seria a maior presença das forças da capital nesse extremo do reino, e os materiais e trabalhadores que o trio escoltava eram cruciais para a continuidade das obras. Após conseguir informações com Gruf, o anão cervejeiro e dono da Sorriso da Ninfa "a melhor estalagem daqui até o Olho Negro!!", e Sir Harold, o prefeito e guardião da vila, partiram ao encontro de Yulla, o primeiro dos três senhores em guerra.

Três dias de viagem depois, sem maiores acontecimentos além de um rápido embate com ladrões desertores, chegaram ao forte de Yulla, uma vila preenchida com oficinas e ferreiros, um local de preparo para a guerra. Recebidos por um dos generais de Yulla, feito alcançado pelo manto da ordem da Lança de Prata, de Thassarian, tentaram convencê-lo a se aliar a X'abor contra Stanislau, pois este último não só havia dado início as hostilidades como possuia forças maiores que os outros dois, isoladamente. Seus pedidos foram veementemente negados, pois as antigas rivalidades entre os senhores, suas famílias e as de suas terras não seriam tão facilmente esquecidas. Lorian, o monge primo de Thassarian, ficou irado pela recusa, e acusou o general de escolher o orgulho acima das vidas do seu povo. Sem razão de ficar mais um instante o trio partiu novamente para o leste, para se encontrar com o Barão Stanislau. Após mais alguns dias de viagem, chegam a cidade da qual governa suas terras, relativamente pequena mas viva com o comércio. São recebidos pelo barão em pessoa, que se mostra extremamente receptivo, principalmente a Thassarian, o representante da Ordem da Lança de Prata.

O Barão Stanislau lhes conta que rompeu o tratado e iniciou as hostilidades pois a divisão igualitária dos impostos era injusta, pois eram suas galeras que faziam a maior parte da segurança da via fluvial, afirmação aparentemente verdadeira, para o trio. Ignora os apelos de aliança, se dizendo confiante na experiência das tripulações de seus navios e na rivalidade entre Yulla e X'abor para vencer o conflito. Mas se mostra solidário e oferece uma de suas galeras para escoltar o navio da ordem pelo trecho do conflito, e se oferece para construir uma sede para a ordem em suas terras, pedindo para o nobre Thassarian que escreva a ordem sobre a situação e sua oferta. Não vendo problemas nisso, e prevendo benefícios para a ordem, promete que o fará assim que seu navio tenha cruzado o trecho do conflito.

Ao voltarem para Passofundo a bordo da galera de escolta, se deparam com a vila tomada pelas forças de Yulla. Ao derrotar a patrulha que se encontrava no porto derrotam os soldados, com seu capitão tendando suicídio, preferindo a morte a desonra. Após falhar três vezes em tomar sua própria vida, vê nisso um sinal da Luz, e passa para o lado dos aventureiros. Com a ajuda dos soldados da galera e de Cristóvão, O Triplamente Poupado, libertam as tripulações dos muitos navios fundeados alí. Pegas de surpresa pela invasão mal opuseram resistência, mas agora organizadas sob as bandeiras da Ordem da Lança de Prata e do Barão Stanis, juntamente com a população da cidade, lutam contra os invasores e agem como uma bigorna, contra qual as antes sitiadas poucas forças de Sir Harold se tornam o martelo que esmaga o inimigo.

A invasão havia sido uma surpresa, pois as terras de Passofundo prestam lealdade a Gemini, senhor do feudo a oeste de Yulla. Intrigados pelo desdobramento do conflito, mas impossibilitados de permanecer mais, o trio parte sob escolta novamente para as terras de Stanislau, para lhe trazer as notícias e finalmente poder prosseguir com sua viagem.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O Primeiro Passo

Bem vindos ao meu primeiro blog de aventura medieval fantástica, Crônicas dos 9 Reinos. Esse será o espaço no qual retratarei minha primeira experiência como narrador de uma campanha de Pathfinder, em um mundo de criação própria geograficamente (e um pouco politicamente) baseado em Azeroth, o mundo ficcional de Warcraft, criado pela Blizzard.
Mas não esperem encontrar a Horda ou a Aliança, deuses antigos, titãs ou qualquer outra parte da ambientação de Azeroth retratada aqui. Nomes podem ser reutilizados, alguns temas visitados, mas as histórias escritas e o mudo criado serão diferentes. RPG é um jogo, sim, mas não de computador, seja estratégia ou MMO. É a arte da contação de histórias, dos jogadores em conjunto com o narrador, e é neste blog que pretendo dividir as nossas histórias.
Novamente, sejam bem vindos, e espero que aproveitem.