segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ponta Sul


O mundo é cheio de mitos. E um deles diz que nereidas antropofágicas habitam as margens mais escuras do Braço de Deus. Homem algum navega tranqüilo à noite quando o rio corre manso e o vento não tem força para soprar as velas. Alguns marinheiros aposentados juram terem visto belas mulheres de pele alva espiando das águas lodosas que margeiam os bosques mais a leste.


O navio do capitão Correrrios passava exatamente por estes bosques na primeira lua crescente do outono. Há dias a escolta do barão havia os deixado. Haviam escolhido seguir próximos a margem sul, para o caso de serem perseguidos por navios de Yulla mas agora a cautela pedia seu preço. Para não permanecer naquelas margens assombradas, navegavam a noite. O quase silêncio era abrasador. Cada estalo no casco do navio deixava todos atentos. Apenas Orlov dormia um sono tranqüilo e sonoro.

A jornada pelo Braço de Deus termina sem maiores incidentes, com a chegada no Olho Negro, o grande lago que marca o leste longínquo. Suas águas turvas e cheias de vida abrigam as rotas de comércio que permitem às terras a suas margens prosperarem, e seus peixes alimentam incontáveis bocas. Os elfos mais velhos, que viveram em tempos de glória contam que um dia suas águas foram tão cristalinas que ele era chamado de O Grande Espelho, mas são apenas lembranças e se foram com a grande destruição, há 600 anos.


Ponta Sul, a jóia deste lado do grande lago destacava-se logo adiante. Seus prédios baixos e brancos subiam a colina logo atrás do imenso porto, porto este que abriga dezenas de navios mercantes vindos de toda parte. Parada obrigatória para quem vem do Braço de Deus Ponta Sul conta com um comércio ativo para todo o tipo de comprador em pequena ou grande escala: matéria prima, bens manufaturados, objetos de arte, raridades gastronômica, bom vinho, enfim, quase tudo o que se pode comprar. No porto, são recebidos por uma pequena comitiva alfandegária que angaria pedágio para “manutenção” do porto.


Na noite que se segue, Orlov, Lorian e alguns marinheiros se divertem em uma taverna conhecida bebendo e se divertindo como lordes. Thassarian passa a noite no barco meditando sobre a viagem que terá até o acampamento/canteiro de obras da Ordem da Lança de Prata no sopé da Cordilheira da Pedra Cinzenta. Mas esse estado meditativo não impediu Orlov de tentar sem sucesso arrasta-lo para taverna onde, segundo este, havia escrito o nome de Lorian nos seios de uma meretriz que o aguardava ansioso.


Pela manhã Thassarian já aguardava os ressaqueados companheiros com as carroças carregadas e os homens prontos. A estrada os aguardava. Por 3 dias seguiram por entre uma estrada relativamente segura rodeada de fazendas pequenas, cujo povo que ali viva era pobre, mas ainda não esquecido pelo grande porto.


No princípio do quarto dia o abandono daquelas terras pelos senhores de Ponta Sul começava a transparecer enquanto as cordilheiras se avolumavam adiante. Fazendas queimadas, gado morto e mendigos na mais absoluta miséria pontuam o caminho, raros a princípio mas se tornando mais comuns com o passar dos dias, até se tornarem a regra ao invés da exceção. Sinais óbvios de depredação e violência também podem ser percebidos tanto nas propriedades quanto nos olhos amedrontados das pessoas. Questionada, uma senhora enrugada conta que ladrões agora assolam estas terras esquecidas pelos homens e deuses.


No sétimo dia, apesar de todo trabalho de batedor realizado por Thassarian, uma emboscada surpreende a comitiva e um combate violento se inicia. Divididos do resto de seus homens, Lorian, Orlov e Thassarian se vêem encurralados por um número muito superior de ladrões, obviamente desertores das guerras ao sul. Mesmo em desvantagem numérica conseguem através de perseverança e muita sorte superar o desafio, embora tenham terminado quase às portas da morte.


Os corpos dos agressores foram decaptados e deixados como exemplo para outros ladrões. A flâmula da Ordem da Lança de Prata foi deixada cravada em uma lança como assinatura do feito. Apenas Braam, o astuto foi levado como prisioneiro.


Não haveria mais nada entre a comitiva e o acampamento da Ordem da Lança de Prata.

7 comentários:

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  2. Na primeira parada Braam será interrogado. Quem são, onde se escondem, quantos são... o destino dele já é a morte, pode ser rápida e honrada ou pode ser nas mãos de Lorian.

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  3. Antes de Thassarian abordar Braam para o interrogatório, Orlov tenta puxar conversa com o desafortunado prisioneiro, cinicamente reconhecendo a perícia tática de seu bando e seu valor em combate, sempre bebendo e oferecendo de seu vinho ao ladrão durante a conversa. A motivação é tripla:
    - Embebedá-lo para que solte a língua mais facilmente ao ser interrogado, sem necessidade de tortura física, à qual Orlov é avesso;
    - Beber sozinho é deprimente;
    - Não há nada melhor pra se fazer no momento nesse fim de mundo do cacete.

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    1. "Você bebe até mesmo com esses tipos meu caro Orlov???"

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  4. O que perguntam para o prisioneiro? Como perguntam? Em que ordem? Que diabos de nome é Garibaldo Saldanha?
    O post sobre a chegada no monastério eu vou publicar amanhã cedo. Eu acho melhor se não tiver jogo essa semana, eu viajo daqui 3 dias só ><
    De qualquer maneira, postagens sobre o interrogatório e ações antes de chegar no monastério são aqui mesmo. Vocês tem 3 dias no jogo para isso.

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  5. Braam, o astuto, aceita o convite de Orlov. Conta-lhe que há anos fugiram da guerra do sul, pequenos grupos de cada vez. Conta que é uma ocorrência comum, pois camponeses que vão para a guerra estão com seu senhor e seus amigos, mas quando o primeiro morre são remanejados para outro senhor, e quando seus amigos morrem novos recrutas chegam para substituir, e que como cedo ou tarde acabam por lutar em uma terra longínqua cercados de estranhos, sem sequer saber quando voltar para casa. Não são poucos os homens que quando percebem que perderam tudo, escolhem fugir do massacre para tentar recomeçar a vida. Infelizmente, para muitos, isso significa se tornar um bandido e roubar daqueles que são como eles eram antes, pois isso é tudo que a vida de guerra lhes deixa.

    Ao terminar seu relato, pede que o matem enquanto ainda está bêbado. Pode ser um covarde ao ter fugido da guerra, mas diz que jamais trairá seus companheiros, pois aqueles que não sabem o que é ser apenas um servo em batalha não compreenderiam sua dor.

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  6. "Como queira soldado. Será uma morte honrosa para que seu espírito encontre a luz".

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