sexta-feira, 27 de abril de 2012

De Medo E Sangue


Lembranças são para fantasmas.

Se sentia como na longínqua Fenda Invernal. A brisa fria da noite batia em sua fronte enquanto avançava velozmente pela mata.  Farejando sangue no vento. Farejando o medo deles.

Já havia abatido mais de seis nos últimos minutos. Não, eles não sairiam dali, não sobraria ninguém para contar a história. Como antes, como sempre.

Histórias são para fantasmas.

Corram filhotinhos, corram. Assim a caçada se torna mais longa. Um pouco mais longa.

Viram aqueles olhos enormes que emamanvam uma luz glacial? São para te ver melhor…

Ouviram aquele focinho cinzento prescrutar o ar da noite? É pra te farejar melhor…

O que eram aquelas presas ameaçadoras naquela poderosa mandíbula? São apenas para te devorar.

Havia encontrado mais um rastro. Um rastro tardio e seguia para o sul. Eram 3, e um deles fedia a peixe. Saltou sobre alguns troncos para ganhar altitude e logo pousou sobre um rochedo que atravessava aquela área. Conhecia aquelas terras como a sua própria. Todas as suas alturas, todas as suas cores e nuances, todo o seu poder.

Fugas do passado são para fantasmas.

Desde que Amra, o ceifador de estrelas o evocou das profundezas geladas da Fenda Invernal não existiu mais paz. Tanta guerra, tanto sangue.

Eles agora estavam perto, haviam se unido a mais 3. E combatiam. Os inúteis gremlins, ele presumia. Sangue, suor e adrenalina no ar. Aquilo o divertia. Parou e observou suas presas. Estava a 12 metros. O ponto exato para o abate. Mas aprendeu com o tempo que não se deve subestimar a presa. Então uivou. Uivou como faziam seus ancestrais. E viu deliciado o medo tomar conta de três de suas patéticas presas. Os outros ficaram e se prepararam. Há muito não entrava em um combate aberto e não perderia essa chance agora.

Apresentou-se a seus oponentes com um salto selvagem erguendo-se então sobre 2 patas, assim como aprendeu com os seus. Os outros estavam armados com machados e espadas feitos pelo temido aço goblin. Mas ele não os temia, sua natureza não era faérica, e poucas criaturas tinham poder suficiente para causar-lhe algum ferimento.

Antes de qualquer reação das criaturas inimigas atacou. Estocadas rápidas. Precisas. Mas ficou surpreso ao ver que grande parte de seu ataque resvalou na armadura bem feita de seu adversário. 

Clemência é para os fantasmas.

Ataques lentos e ineficazes foram feitos contra ele, mas o que fedia a peixe e possuía a pele escamosa o atingiu em cheio. Descuido. Se não fosse quem era poderia ter se ferido. Não aconteceria de novo.

As criaturas conversaram em sua língua rude e complexa e acabaram por se retirar, com exceção de um. Ele não tinha medo. Ele tinha fúria e orgulho nos olhos. Ele mereceu morrer como um guerreiro. E teve seu coração devorado, como devia ser.

Esse tempo foi precioso para suas presas covardes que já haviam alcançado o rio, se afastarem-se muito, não haveria como rastrea-los. Foi rápido como um raio de luar e conseguiu vê-los embarcar em uma pequena embarcação. NÃO. Não podiam. Todo o frio de seu coração tronou-o uno com seu elemento, e a um toque a água o obedeceu tranformando-se em gelo parando a correnteza. Eles estavam a sua mercê. Mas o instinto de sobrevivência transforma criaturas fracas em titãs. Usando-se dos remos, suas presas conseguiram se desvencilhar de sua armadilha gélida e seguiram correnteza a baixo.
Não era possível, jamais, em anos.... a fúria o cegou e ele inchou... e soprou...


Mesmo que sua manobra tivesse matado 2 deles, 3 haviam fugido. Do alto de uma rocha observava o pequeno barco desapacerer em uma curva do rio trainçoeiro.

Lamúrias são para os fantasmas.

Um comentário:

  1. O vento jogo tudo aos ares. Braçoforte e Ogh’du-Jarrá mentem-se dentro dele, segurando da forma mais apropriada possível. O Goblin, Cruc-Cruc voa junto dos outros e cai desacordado no rio.
    O Lupino observa os Heróis a distância, enfurecido por não ter conseguido aniquilar todos eles.
    BraçoForte se desequipa e se lança na água, um prazer para o reptiliano, e resgata o pequeno Goblin.
    Ogh’du-Jarrá cura o pequenino que se ergue assustado dentro do barco, que esta quase em pedaços.
    Força e Honra, ainda estamos vivos.
    Antes de voltar, precisamos descobrir que criatura é aquela e o que pode feri-la. Se somente ele invadisse o acampamento já poderia destruir todo ele.

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