Lembranças são para fantasmas.
Se sentia como na longínqua Fenda Invernal. A brisa
fria da noite batia em sua fronte enquanto avançava velozmente pela mata. Farejando sangue no vento. Farejando o medo
deles.
Já havia abatido mais de seis nos últimos minutos.
Não, eles não sairiam dali, não sobraria ninguém para contar a história. Como
antes, como sempre.
Histórias são para fantasmas.
Corram
filhotinhos, corram. Assim a caçada se torna mais longa. Um pouco mais longa.
Viram aqueles
olhos enormes que emamanvam uma luz glacial? São para te ver melhor…
Ouviram aquele
focinho cinzento prescrutar o ar da noite? É pra te farejar melhor…
O que eram
aquelas presas ameaçadoras naquela poderosa mandíbula? São apenas para te
devorar.
Havia encontrado mais um rastro. Um rastro tardio e
seguia para o sul. Eram 3, e um deles fedia a peixe. Saltou sobre alguns
troncos para ganhar altitude e logo pousou sobre um rochedo que atravessava
aquela área. Conhecia aquelas terras como a sua própria. Todas as suas alturas,
todas as suas cores e nuances, todo o seu poder.
Fugas do passado são para fantasmas.
Desde que Amra, o ceifador de estrelas o evocou das
profundezas geladas da Fenda Invernal não existiu mais paz. Tanta guerra, tanto
sangue.
Eles agora estavam perto, haviam se unido a mais 3. E
combatiam. Os inúteis gremlins, ele presumia. Sangue, suor e adrenalina no ar.
Aquilo o divertia. Parou e observou suas presas. Estava a 12 metros . O ponto exato
para o abate. Mas aprendeu com o tempo que não se deve subestimar a presa.
Então uivou. Uivou como faziam seus ancestrais. E viu deliciado o medo tomar
conta de três de suas patéticas presas. Os outros ficaram e se prepararam. Há
muito não entrava em um combate aberto e não perderia essa chance agora.
Apresentou-se a seus oponentes com um salto selvagem
erguendo-se então sobre 2 patas, assim como aprendeu com os seus. Os outros
estavam armados com machados e espadas feitos pelo temido aço goblin. Mas ele
não os temia, sua natureza não era faérica, e poucas criaturas tinham poder
suficiente para causar-lhe algum ferimento.
Antes de qualquer reação das criaturas inimigas
atacou. Estocadas rápidas. Precisas. Mas ficou surpreso ao ver que grande parte
de seu ataque resvalou na armadura bem feita de seu adversário.
Clemência é para os fantasmas.
Ataques lentos e ineficazes foram feitos contra ele,
mas o que fedia a peixe e possuía a pele escamosa o atingiu em cheio. Descuido.
Se não fosse quem era poderia ter se ferido. Não aconteceria
de novo.
As criaturas conversaram em sua língua rude e complexa
e acabaram por se retirar, com exceção de um. Ele não tinha medo. Ele tinha
fúria e orgulho nos olhos. Ele mereceu morrer como um guerreiro. E teve seu
coração devorado, como devia ser.
Esse tempo foi precioso para suas presas covardes que
já haviam alcançado o rio, se afastarem-se muito, não haveria como rastrea-los.
Foi rápido como um raio de luar e conseguiu vê-los embarcar em uma pequena
embarcação. NÃO. Não podiam. Todo o frio de seu coração tronou-o uno com seu
elemento, e a um toque a água o obedeceu tranformando-se em gelo parando a
correnteza. Eles estavam a sua mercê. Mas o instinto de sobrevivência
transforma criaturas fracas em titãs. Usando-se dos remos, suas presas
conseguiram se desvencilhar de sua armadilha gélida e seguiram correnteza a
baixo.
Não era possível, jamais, em anos.... a fúria o cegou
e ele inchou... e soprou...
Mesmo que sua manobra tivesse matado 2 deles, 3 haviam
fugido. Do alto de uma rocha observava o pequeno barco desapacerer em uma curva
do rio trainçoeiro.
Lamúrias são para os fantasmas.
O vento jogo tudo aos ares. Braçoforte e Ogh’du-Jarrá mentem-se dentro dele, segurando da forma mais apropriada possível. O Goblin, Cruc-Cruc voa junto dos outros e cai desacordado no rio.
ResponderExcluirO Lupino observa os Heróis a distância, enfurecido por não ter conseguido aniquilar todos eles.
BraçoForte se desequipa e se lança na água, um prazer para o reptiliano, e resgata o pequeno Goblin.
Ogh’du-Jarrá cura o pequenino que se ergue assustado dentro do barco, que esta quase em pedaços.
Força e Honra, ainda estamos vivos.
Antes de voltar, precisamos descobrir que criatura é aquela e o que pode feri-la. Se somente ele invadisse o acampamento já poderia destruir todo ele.